quarta-feira, 17 de março de 2021

Melhores amigos dos seres humanos, animais de estimação trazem conforto emocional e exigem cuidados


 
O isolamento social imposto pela pandemia motivou inúmeras pessoas a procurarem amigos de outras espécies, mas influencer alerta que os cuidados devem ser analisados, já que animais não são descartáveis.
 
Durante a pandemia cresceu ainda mais a procura por animais de estimação, fato que evidencia uma tendência já observada há anos nos lares brasileiros, com mais pets e menos crianças: conforme dados de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mascotes nos lares brasileiros era de cem milhões, enquanto que o de crianças era de 45 milhões na época do levantamento, em 2013. O comportamento ganhou força no isolamento social. Só em São Paulo, a organização não governamental União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), localizada na Zona Norte da capital paulista, registrou crescimento de 400% na procura por cães e gatos. No entanto, vale destacar que toda adoção ou compra de um mascote implica responsabilidades. “Antes de você adotar ou adquirir um pet você tem que saber como funciona a dinâmica da sua família, analisar seu estilo de vida, se você tem crianças, se tem tempo para passear, se mora em casa ou apartamento, se há algum jardim ou área verde, quais os cuidados que aquele animal precisa”, afirma Carolina Botelho, dona dos cães Dingo e Cacau. Ela é uma apaixonada por animais e seu amor pela dupla é tanta que criou o perfil do Instagram Os Paulistinhas, que reúne 202 mil seguidores, ou “aufãs”, como gosta de se referir. Na página, além de mostrar o dia a dia dos “aumigos” ela aborda temas como a responsabilidade dos tutores.
 
O principal motivo que leva a adotar ou a comprar um animal é a saúde mental. Pesquisa publicada em junho de 2020 na revista acadêmica Journal of Veterinary Behavior analisou o papel dos pets durante a pandemia do novo coronavírus. Foram analisadas as respostas de 1.297 pessoas na Espanha sobre sua relação com seus pets durante a quarentena. As medidas de isolamento social foram extremamente rígidas no País, com ação policial e multa para quem desrespeitasse. No total, 75% dos entrevistados disseram que os animais ajudaram a lidar com o período de confinamento. Carolina Botelho não só concorda, como também compartilha seu relato. “Para mim, em termos de cabeça, eles fazem muito bem. Na quarentena, se não fosse eles, eu acredito que eu teria ficado maluca, temos uma conexão muito forte, eles me dão força e me acalmam, são uma base”. Para ela, todo o trabalho e custos de ter um animal são recompensados. “Ter um mascote em casa chega a me emocionar, é muito maravilhoso, o brilho no olhar de um animal é absolutamente especial, eles nos olham nos olhos, não querem nada em troca além de um carinho e um afago. Eles não sabem falar, mas se comunicam com o olhar e com gestos, o melhor de tudo é que sempre falam a verdade, não existe um mascote que não seja sincero!”.
 
Responsabilidades
 
Para quem quiser entrar no maravilhoso mundo dos pets, a recomendação da tutora do Dingo e da Cacau é analisar tudo o que envolve receber um novo integrante na família. “Animal não é só dar água e comida, tem que brincar e dar atenção, é um serzinho com um coração que bate”, alerta Carolina. Os custos podem variar conforme a espécie e a raça, mas é importante ter em mente que não se resumem à alimentação apenas — que deve ser de boa qualidade — há que se levar em conta também consultas veterinárias, vacinas, remédios, brinquedos e custos gerais, como os envolvidos para levar o animal em uma viagem ou para pagar um local ou uma pessoa para cuidar do pet quando for viajar. “Tem que pensar em todos estes aspectos, se preparar inclusive para o fato de ter que abrir mão de algum passeio ou viagem por causa dele em alguma situação”, lembra Carolina. Tudo isso sem falar no tempo: eles precisam de atenção.
 
Cães de pequeno porte têm necessidades diferentes dos de grande porte, já os gatos têm outra dinâmica: são mais independentes e gostam de ficar em casa. No entanto, qualquer animal exige uma rotina de cuidados, que pode ser mais ou menos intensa. Portanto, antes de tudo, o ideal é conversar com profissionais e outros tutores para se informar qual é o perfil de pet ideal para você, jamais escolher apenas o mais bonito.


quinta-feira, 11 de março de 2021

Pediatra fala dos benefícios do convívio entre crianças e pets


 
Foi-se o tempo em que ter um animal de estimação era visto como arriscado  para a saúde das crianças. Hoje em dia, está comprovado que ter pets traz muitos benefícios para os pequenos: como auxiliar no combate e prevenção de certas doenças até ser capaz de levar mais felicidade para as crianças.

Mas, se você ainda tem dúvidas sobre as vantagens que isso pode trazer para seus filhos, a Pediatra e Alergista Infantil, Dra. Felícia Szeles, reuniu alguns dos bons  motivos para você estimular essa convivência:

.::. Benefício na imunidade - um dos maiores medos dos pais está relacionado às  alergias que os pets podem causar, mas os estudos mostram justamente o  contrário: ter animais de estimação desde bebê diminui a chance de rinite alérgica, asma e dermatite atópica. Isso acontece porque a presença dos animais acaba estimulando o sistema imune, permitindo a aquisição de tolerância e impedindo  o surgimento dessas alergias. Além disso, por melhorar o bem estar psicológico como um todo, diminui o stress, o que promove também uma melhora da  imunidade;

.::. Ajuda no combate à obesidade - ter um animal sempre deixa a criança mais  ativa, principalmente os que ela pode interagir mais, como gatos e  cachorro. Brincar e passear com os pets não deixa de ser um exercício,  diminuindo o sedentarismo e o tempo de telas, ajudando no controle da  obesidade;

.::. Auxilia no tratamento da ansiedade e depressão - principalmente nessa época  de pandemia, ter um companheiro em casa pronto para dar e receber carinho, alivia a tristeza desse isolamento social e permite suportar toda essas  mudanças de rotina com mais calma e tranquilidade;

.::. Ajuda com as emoções - a comunicação não verbal com um animalzinho é capaz  de ensinar muitas coisas do ponto de vista emocional, como a demonstração de  amor, a percepção de necessidades (como fome, medo, carinho), o cuidado com  o próximo, a noção de responsabilidade e a empatia.

“São muitos os benefícios dessa relação crianças e pets e sempre que sou  questionada sobre isso explico muito bem cada um deles. Mas vale lembrar que se a  criança já for alérgica, converse com o médico primeiro para verificar qual animalzinho  seria o mais ideal.”, explica a especialista.
 
Dra. Felícia Szeles
Formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC - Campinas), é especialista em Pediatria e Alergia e Imunologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Pediatra nas áreas de Puericultura, Infância e Adolescência, também realiza acompanhamento pediátrico pré-natal em gestante. Como Alergista, atua com foco no atendimento infantil.


quinta-feira, 4 de março de 2021

Resgatei um animal abandonado e agora?



Médicos-veterinários dão dicas para o resgate seguro e os cuidados com a saúde do animal

Em cidades de todo o País, é comum nos depararmos com animais soltos pelas ruas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 30 milhões de cães e gatos estejam em situação de rua no Brasil, sujeitos a maus-tratos, falta de alimento e abrigo. Sensibilizadas pela situação, muitas pessoas acabam levando esses animais para casa, sem saber ao certo a melhor maneira de ajudá-los.

Em virtude desse cenário, que impacta a saúde pública e o bem-estar animal, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) alerta para o problema do abandono e pondera como as pessoas devem proceder ao resgatar animais de rua.

Segundo a médica-veterinária Adriana Maria Lopes Vieira, presidente da Comissão Técnica de Saúde Pública Veterinária do CRMV-SP, ao recolher um animal da rua, a primeira medida deve ser levá-lo para uma consulta com um médico-veterinário, tomando todas as precauções no primeiro contato.

“É muito importante lembrar que, por se tratar de um animal desconhecido, ao realizar o manejo deve-se ter o máximo de cuidado para evitar acidentes ou agressões. Caso haja algum agravo causado pelo animal, a vítima deverá procurar atendimento médico o mais rapidamente possível”, orienta.

Dicas para um resgate seguro

A médica-veterinária Rosangela Gebara, que integra a Comissão Técnica de Bem-estar Animal do CRMV-SP, diz que é comum as pessoas recolherem animais das ruas, resgatando-os de situações de extremo abandono e risco, e também alerta para os cuidados com a segurança de quem está ajudando.

“Aproxime-se com cuidado e deixe o animal se acostumar com você. Uma boa dica é oferecer comida ou esticar sua mão para que cheirem (cães). Se estiver em uma via movimentada, peça ajuda de um amigo ou de quem estiver passando para afastar o animal dos carros. Em estradas você pode pedir ajuda à Polícia Rodoviária para isolar a área e resgatar os animais com segurança”, ressalta a médica-veterinária.

Antes de pegar um cão ou gato desconhecido no colo, Rosangela recomenda providenciar uma coleira ou focinheira, especialmente se o animal estiver ferido. “Ou use um cobertor para envolver e carregá-lo em segurança, evitando mordidas e arranhaduras”, sugere.

Cuidados com a saúde do animal

Em geral, o estado de saúde de um animal encontrado na rua é desconhecido, assim como seu comportamento, observa Adriana Vieira. “É indispensável que este animal passe pela avaliação de um médico-veterinário antes mesmo de ser levado para o local onde passará a viver”, reforça.

O profissional poderá estimar a idade do animal, verificar se há infestação por ectoparasitas, lesões, sinais ou sintomas de doenças da própria espécie ou zoonóticas (transmissíveis aos seres humanos), manifestação de dor, dentre outros.

“Também pode ser verificado se há identificação por microchip e, se houver, pode tratar-se de um animal que esteja perdido. Poderão ser solicitados exames laboratoriais como apoio diagnóstico e o adotante receberá orientações quanto à alimentação, ao manejo, higiene, cuidados sanitários, controle reprodutivo, bem-estar, vacinas, dentre outros cuidados”, complementa Adriana.

Dê tempo à adaptação

Para Rosangela Gebara, depois de o animal ser resgatado e ter passado pelo médico-veterinário para a avaliação inicial, deve-se dar tempo para que ele se adapte ao novo ambiente. “O ideal após o resgate, se o animal não estiver ferido ou muito debilitado, é levá-lo para um lugar seguro e tranquilo, oferecer água e comida e observar”, orienta.

Quanto aos cuidados com pets mais ariscos, Adriana diz que algumas alterações de comportamento podem estar relacionadas a problemas orgânicos. “A agressividade, por exemplo, pode ser decorrente de desequilíbrios hormonais ou presença de dor. Assim, faz-se necessário que o médico-veterinário avalie se há alterações comportamentais e suas possíveis causas (orgânicas ou não) e a conduta a ser adotada”, explica.

Paciência e amor

Cães e gatos podem demorar semanas para se acostumar ao novo ambiente e a novas pessoas. “Se você resgatou um gato, tome mais cuidado ainda com fugas e acidentes. Se morar em apartamento, as janelas devem ser teladas” explica a médica-veterinária Rosangela Gebara.

Se o animal foi resgatado em uma situação de maus-tratos, ele pode ficar traumatizado por muitos dias. “Procure dar tempo ao tempo e, se for necessário, peça orientação a médicos-veterinários comportamentalistas ou a adestradores para fazer a socialização correta. Oferecer petiscos e ter muita paciência e amor ajuda nesta fase”, diz Rosangela.

Lar provisório

Se você não tem como ficar com o animal resgatado definitivamente, acolha-o como um lar provisório até conseguir uma família definitiva. De acordo com Rosangela, um lar provisório não tem que ser perfeito ou espaçoso. Basta ter uma área de serviço ou um cantinho no quintal, onde o animal resgatado possa se proteger do frio e do calor também.

Dá para improvisar uma cama com um cobertor ou moletom velho. “O ideal é alimentar com ração específica para a espécie, idade e porte. É importante deixar sempre água limpa e fresca à vontade”, orienta.

O CRMV-SP orienta que, ao encontrar um animal abandonado que não se possa adotar, entre em contato com a prefeitura para verificar se há algum serviço responsável pelo recolhimento ou cuidados com esses animais. Em algumas cidades, inclusive, existem programas comunitários voltados a esse tipo de cuidado.

Como ajudar um animal de rua

1. Aproxime-se com cuidado e tome as medidas de segurança necessárias;
2. Leve o animal ao médico-veterinário o quanto antes;
3. Verifique se o animal realmente não tem dono. Usar as redes sociais pode ajudar a descobrir se o animal está mesmo abandonado;
4. Caso não possa ficar com o animal, procure a prefeitura para saber se há algum serviço responsável pelo recolhimento ou cuidados com esses animais. Levar em feiras de adoção e ou pedir ajuda de ONGs para encontrar um novo dono pode ser uma opção;
5. Tenha paciência com a adaptação do animal e siga sempre as orientações do médico-veterinário.
 
Sobre o CRMV-SP

O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas do estado de São Paulo, com mais de 43 mil profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, estados e municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.