quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Apesar de serem animais domésticos, felinos preservam traços selvagens


O cão pode até ser o melhor amigo do homem, mas, dos animais de estimação, o gato é o mais emblemático. Das antigas culturas do Nilo aos palcos da Broadway, os felinos despertam o amor de alguns e a desconfiança dos que os consideram pouco confiáveis. A impressão negativa que muitas pessoas têm dos bichanos pode ser explicada por características que remetem às de seus antepassados selvagens. Isso se deve à sua domesticação recente. Diferentemente do cão, que há 30 mil anos passou a proteger os quintais humanos, o gato foi civilizado há cerca de 10 milênios.

Os primeiros representantes da família Felidae, uma das oito da ordem Carnivora, apareceram há 45 milhões de anos. Entretanto, foi só entre 30 milhões e 20 milhões de anos atrás que surgiu o Dinictis, o primeiro felino a apresentar traços dos gatos modernos. O comportamento feroz que os gatinhos de apartamento (Felis catus) por vezes apresentam lembra o desse parente longínquo e o de um ancestral de dimensões notórias e comportamento violento, o tigre-de-dente-de-sabre, que chegava a pesar 300kg e medir 3m de comprimento.

A rápida divergência de felídeos nos últimos 12 milhões de anos resultou em 36 espécies de felinos selvagens. O gato doméstico evoluiu de uma linhagem do Felis silvestris, cerca de três milênios atrás. Embora existam diferenças sutis na aparência entre os gatos selvagens e os domésticos, geneticamente, eles são quase idênticos. Na última Idade do Gelo, há mais ou menos 25 mil anos, as espécies selvagens se dispersaram por Europa, Ásia e África. Adaptáveis a diferentes ambientes, elas desenvolveram uma característica essencial para o sucesso: a neotenia, comportamentos e características juvenis em idade adulta.

Esse recurso foi uma ferramenta atrativa na domesticação, pois, com ela, o gato tornou-se mais lúdico e menos medroso. Esse traço, contudo, só foi realmente percebido pelos domesticadores há 10 mil anos, quando a agricultura começava a ser uma realidade no Crescente Fértil, região hoje ocupada pela Ásia Ocidental e pelo Oriente Médio. Assim como ocorreu com os cachorros, os felinos perceberam que os humanos poderiam ser potencialmente benéficos. Não pela companhia, mas pelas sobras de comida. Ainda que a aproximação por oportunismo pareça do feitio felino, as vantagens eram grandes também para os humanos: os gatos se mostravam excelentes caçadores de roedores que ameaçavam os grãos armazenados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário