segunda-feira, 10 de março de 2014

Animais de estimação devem ser ensinados a conviver


Para treinadores, a participação do dono no processo é indispensável, ou não atingirá os objetivos.

Adestrar um cão exige, acima de tudo, paciência e perseverança, já que será necessário repetir inúmeras vezes os comandos. Esse trabalho pode ser comparado ao de educar uma criança e torna-se mais efetivo com a participação do dono. Em tempos em que o animal de estimação é como um integrante da família, circulando por todos os ambientes da casa ou espaços públicos, esse trabalho torna-se essencial.

“Existe uma diferença muito grande entre o espaço que o pet ocupa hoje na família, em relação ao de antigamente, em que o cão vivia no quintal. Esse relacionamento agora é muito mais íntimo. Colocar o proprietário para aprender essa comunicação com o cachorro proporciona harmonia dentro de casa e nos lugares que eles frequentam juntos”, comenta o treinador de cães Alexandre Zanetti, do Clube de Cãompo do Hotel Fazenda para Cães.

Para a psicóloga e adestradora de cães Ana Paula Cestari Astrulakis, consultora da Boutique Pet Farm, o dono tem peso de 50% na eficácia do treinamento. “Se não tiver uma dedicação total do dono, o resultado não será o esperado”, afirma.

Segundo os profissionais, como o adestrador não pode estar todos os dias no ambiente residencial, o dono precisa dominar esses comandos e entender o comportamento do animal para o relacionamento se tornar muito melhor. É o chamado adestramento em parceria.

“O treinador vai ficar, em média, duas vezes por semana e em torno de 1h com o animal. É o proprietário que terá o contato diário e poderá comunicar a evolução do cachorro e os problemas que surgirem no dia a dia, facilitando o aprendizado. Daí a importância de tudo ser conversado desde a entrevista, e a família participar ativamente”, ressalta Ana Paula.

“Se o dono coloca os exercícios na rotina cotidiana, a evolução do cão é muito maior e a socialização também”, completa Zanetti.

Postura
Ele ressalta que o cachorro pode acabar se condicionando apenas ao adestrador se o proprietário não tiver a postura correta e não conseguir se comunicar com o animal ou não utilizar a mesma linguagem e elementos para ele executar os exercícios.

“Ele é quem convive diariamente com o cachorro. O treinamento não deixa de ser uma rotina. É preciso saber onde e de que forma ela será estipulada para moldar o animal – o que se chama hoje de obediência básica doméstica, como, por exemplo, o cão assistir à TV deitado ao lado do sofá ou frequentar espaços íntimos da casa ou shoppings com o comportamento desejado”, detalha.

Para tal, é preciso expor o cachorro a essas situações com o contato direto do seu dono para avaliar seu comportamento. “Não há como colocar um cachorro para ir se comportar adequadamente no shopping se ele nunca foi”, cita.

Processo conjunto
Ana Paula reafirma que o adestramento é um processo contínuo, já que, depois de apreendido com o adestrador, será praticado ao longo da vida do animal.

O adestramento promove um bem-estar entre o dono e o animal, como passear com o cão ao lado e sentar-se com ele em um banco de praça. “Quanto mais o proprietário souber usar os comandos, mais irá harmonizar a convivência”, diz.

Nunca é tarde para ‘educar’ seu animal
Embora o adestramento seja ideal em filhotes, é possível modificar o comportamento de cães adultos. Se mesmo depois de adulto ele começa a fazer xixi em lugares indevidos da casa ou não obedece às suas ordens, por exemplo, ainda é momento de adestrá-lo.

Embora a dificuldade seja maior, nunca é tarde para tentar adequar o comportamento do pet. “Essas posturas podem estar relacionadas até mesmo a mudanças fisiológicas e ao desenvolvimento, como a maturidade sexual ou excesso de testosterona, que o faz marcar vários lugares. Ou ainda carência e mudanças na rotina da casa, como a chegada de uma visita. Se o dono se dedica junto com o treinador, o resultado vem”, explica Zanetti.

O adestramento vai muito além de comandos para sentar ou andar ao lado do dono em um passeio. Ele permitirá ao proprietário condicionar seu cão aos hábitos da casa, entender como se comunicar com o animal e avaliar os motivos do seu comportamento inadequado. “Ele vai aprender um ‘pacote’ de informações que o ajudará a compreender esse comportamento, trabalhar a ansiedade do animal e ajudá-lo na transformação”, explica.

Às vezes se descobre um meio de comunicação que se torna o foco do processo de adestramento em um cão adulto. Um elemento que será para ele uma grande recompensa ou agrado, como uma bola ou biscoito, que aumenta muito a chance de trabalhar um cachorro adulto. “Às vezes, o dono chegar e brincar com uma bola e depois guardá-la cria uma rotina íntima e um vínculo de associação pelo qual se consegue fazer os exercícios que se deseja que ele execute”, ensina.

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