quinta-feira, 15 de maio de 2014

Festa animal


Comemorar os aniversários do animal de estimação está se tornando um ato comum. Tanto que já começam a surgir empresas especializadas em promovê-los.

Usando um chapéu de festa, Giuseppe chegou em sua festa de aniversário, uma pool party, numa casa no Lago Sul, todo penteado e perfumado. Ansioso, perambulou por todos os cantos do espaço à espera dos convidados. Em pouco tempo, cerca de 30 amigos já estavam presentes. Eles nadaram, correram, se divertiram e, no fim do dia, se reuniram para o parabéns em volta de uma mesa redonda, salivando pelo bolo. Fora o fato de que o bolo em questão era feito de carne, e que a maioria dos convidados tinha quatro patas, a festa de aniversário de Giuseppe, o golden retriever da empresária Bruna Borges, era igual a qualquer outra.

Cachorro ou criança. Não importa. A premissa é simples: quando se trata dos familiares e melhores amigos, comemorar a data do aniversário é um compromisso de afeto. E a tradição não seria diferente quando os amigos em questão são os animais. Mas, enquanto alguns se contentam com um abraço apertado no seu cão ou gato, outros decidem comemorar a data com tudo o que uma boa festa pede: bolo, vela, balão, convidados.

O mercado pet trata de atender a essa demanda de donos apaixonados. No Brasil, além de salões de festas especializados, existem bufês que adaptam as famosas comidas de festas para o paladar animal, serviços de cerimonial, consultoria e transporte dos ilustres convidados. Em Brasília, a marca Theo e Leo (www.theoeleo.com.br) se especializou em elaborar quitutes naturais e sem conservantes para a comemoração, feitos sob encomenda. “Nossos clientes são pessoas que têm o pet como membro da família. A maior procura é pelo bolo naked para cães, os kits de refeição de aniversário e o kit festa completo”, conta a empresária Thais Souza. Com vendas exclusivas pela internet, seu negócio vende pelo menos quatro itens de festa por mês, além de fazer uma média de três festas personalizadas mensais.

Bruna Borges, a dona de Giuseppe e de outros seis cachorros, tem inúmeras festas pets no currículo. Todo ano comemora o aniversário de cada um de seus "filhos", como costuma chamá-los. “Já fizemos uma superfesta com um monte de cachorros na beira do lago Paranoá. Os donos levaram cangas e toalhas para sentar no chão e os cachorros ficaram nadando no lago. Levamos petiscos para eles e comidas para nós. No pet shop e aqui em casa já rolaram várias festinhas também. É uma maneira de retribuir tanto amor e carinho que recebo”, relata. Dona de um pet shop, o Kinder Borges, ela tratou de reservar um espaço para as festas. “No mês que vem, faremos um evento para dois cães com direito a muitos convidados, petiscos personalizados, bolo e decoração temática de pirata”, revela.

Mesmo sendo uma prática cada vez mais comum, existe o time dos que não apoiam esse tipo de comemoração, tachando-a como desperdício de dinheiro ou afetação. Apesar disso, os donos dizem que o segredo está na dose: basta não exagerar e aproveitar para agradar aos bichinhos e promover uma confraternização entre os donos.

A bióloga Adriana Borges é dona do maltês Zeca. “Eu e meu marido ainda não temos filhos, então o Zeca é o bebê da família. Está sempre conosco, participa de todos os momentos das nossas vidas. Então, quando ele completou 1 ano, achei que seria legal se oferecêssemos um bolinho especial para que a data não passasse batida”, conta.

Com um investimento de R$ 50, ela convidou um par de amigas que têm cachorros, encomendou um bolo especialmente feito para cães, comprou suco e pão de queijo para os convidados “humanos” e ofereceu petiscos para os demais cachorros que aparecessem na festa, feita no pet shop. “Foi tudo tão simples. Depois do parabéns ele comeu o bolo com os outros cachorros. Na verdade, o cachorro maior, um buldogue campeiro, deu uma bocada e quase foi o bolo todo. Foi muito divertido”, conta.

A empresária Thais diz que nesse tipo de festa imprevistos são normais. “Já aconteceu de um dos ‘cãovidados’ se apaixonar e ficar a festa toda cutucando uma fêmea com o focinho! Também tivemos uma cachorrinha de pequeno porte que conseguiu pular na mesa do bolo e tentou devorar tudo”, lembra.

Thais alerta que o evento deve levar em consideração a personalidade do animal. “O sucesso da festa pet é não forçar o bicho a uma situação à qual ele não esteja habituado, por exemplo, convidar vários pets e o aniversariante ser um animal que não é sociável”, alerta. Outros cuidados básicos são essenciais. Enfeites não comestíveis, que podem ser devorados pelos convidados, devem ser evitados. Balões de festa também são dispensáveis, uma vez que, quando estouram, irritam os ouvidos sensíveis dos animais, que podem ficar assustados ou agressivos. Pelo mesmo motivo, música alta também não é recomendada. Por fim, a regra principal: bolo de verdade, brigadeiro e docinhos não são comidas para animais e não devem ser oferecidos para os bichos.

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