terça-feira, 19 de maio de 2015

Meu bichinho, meu confidente


Em momentos de adversidades e dificuldades emocionais, as crianças têm nos seus bichinhos de estimação não só a amizade mas também um confidente.

É com frequência que assistimos na mídia as mudanças de comportamento das nossas crianças em estágio ainda precoce.  Seja porque as crianças já não brincam mais nas ruas, seja pela influencia tecnológica, bullying, ou o stress diário muitas vezes até transmitido involuntariamente pelos próprios pais.

Há ainda a correria do nosso dia a dia cujo tempo quantitativo ou qualitativo com as nossas crianças muitas vezes passa despercebido.

E mais agravante quando há a separação dos pais que pode ser um processo doloroso, mesmo tendo em vista que o divórcio é cada dia mais comum e quase uma constante social. Por mais que as questões familiares sejam bem conduzidas, a separação dos pais, a forma como é gerida e vivida, pode ser um motivo de tristeza.

Enfim, há vários fatores que podem emocionalmente desestabilizar uma criança.

As crianças que se deparam com tamanhas adversidades estão mais propensas a se confidenciarem com seus animais de estimação, de acordo com a recente pesquisa em Desenvolvimento Social Psicológico publicada pelo psiquiatra Matt Cassels, PhD Psiquiatria, pesquisador da Universidade de Cambridge, Inglaterra.

Matt buscava como tópico do seu estudo o desenvolvimento social entre crianças. Para isso, pesquisou 100 crianças durante 10 anos, desde dois até completarem 12 anos de idade. No entanto, nesses anos de estudo foi surpreendido pela relevância dos dados coletados sobre o relacionamento entre crianças e animais de estimação. Para além do conhecido afeto existente, a pesquisa comprovou que a criança tem no seu bichinho o seu confidente, aquele com quem literalmente compartilha verbalmente as suas emoções em período de instabilidade emocional.

A pesquisa, conduzida por Matt e patrocinada pela Gates Cambridge Scholarship,  envolveu coleta de informações dos pais das crianças, irmãos e professores em comportamento social, bem estar emocional, habilidade acadêmica e o relacionamento da criança e seu animal de estimação. O estudo compreendeu informações do quão as crianças confiavam e argumentavam com seus bichinhos, qual a satisfação obtida da relação e a frequência das atividades realizadas por dia. Para isso, ele adaptou um sistema métrico de validação psicológica de ligação entre humanos para o Pet Attachment Scale (Escala de ligação com o animal de estimação). “Foi preciso provar que era válido falar sobre relação criança-animal de estimação da mesma maneira que falamos da relação entre humanos, sem indulgencia ao antropomorfismo.”, de acordo com Matt.

O suporte emocional

Não é novidade que para as crianças, a relação com o animal traz desenvolvimento cognitivo, senso de responsabilidade e civilidade, além dos laços afetivos. Entretanto, as pesquisas, na sua maioria,  associavam crianças e animais de estimação no que tange a brincadeiras, poucos usaram ferramentas para comparar o relacionamento criança- animal com crianças e outros relacionamentos, ou focaram como a qualidade deste relacionamento afeta a criança.

Entendemos  o quão esta forte ligação com os animais faziam as crianças mais felizes, mas o que Matt descobriu é ainda mais complexo: a importância do animalzinho na vida das crianças é ainda subestimada principalmente em momentos de adversidades que ela pode estar enfrentando.

Nos Estados Unidos e Inglaterra, no caso de separação dos pais, por exemplo, tem mais  crianças convivendo mais tempo com seu animal de estimação do que com seu pai natural, e nem sempre quantificamos a importância que eles têm em suas vidas.

Sabe-se que as crianças com maior ligação com seus animais têm um nível de comportamento social maior, tais como ajudar, compartilhar e cooperar. Mas o estudo revelou que crianças que se deparam com dificuldades emocionais como luto, doenças, separação dos pais, oriundas de grupos desfavorecidos e outros, colocam os seus bichinhos de estimação em um maior grau de importância nas suas vidas. Elas buscam suporte emocional nos seus bichinhos de estimação mais do que com seus pares, irmãos ou irmãs, mesmo cientes de que os animais não tem entendimento verbal do que falam. Eles são seus verdadeiros confidentes!

Interessante que o estudo mostra que as crianças que mais se confidenciam a seus animais são, em especial, as meninas cujo bichinho de estimação era cachorro. Perguntado por que meninas, uma vez que pesquisas anteriores sugeriram que meninos têm tendência a uma melhor relação com animais,  ele responde “Elas sentem que seus bichinhos de estimação são bons ouvintes e não as julgam. Os pets podem ser ainda mais terapêutico do que anotações em diários por sua empatia e confiança”.

Com a crescente socialização de animais de estimação nas nossas casas e nas nossas vidas, nos faz repensar se os nossos melhores amigos e companheiros são grandes confidentes apenas das crianças.

Será que já antenamos para isso? O meu animalzinho pode ser o meu confidente?

Fonte: Gates Cambridge University

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